Não estamos, para dizer o mínimo, a atravessar o melhor Outono das nossas vidas.

Entre guerras e panoramas políticos talvez menos promissores, sabemos que a época que se aproxima é, para muitos, um tempo de sentimentos mistos, em que as memórias felizes da infância contrastam com as fragilidades e as divisões que  marcam a nossa vida presente. É neste tempo também que as noites se tornam mais longas e os próprios dias estão mais escuros.

Mas é neste realismo que o Advento nos surpreende. É um tempo de espera e de preparação para algo melhor, assim o desejamos. Com efeito, na brevidade dos dias e na escuridão das noites, vemos uma luz irradiar; é essa a mensagem do Advento, como recorda o profeta Isaías: «O povo que andava nas trevas viu uma grande luz; para aqueles que habitavam nas sombras da morte uma luz começou a brilhar» (Is 9, 2).

Esta certeza que nos vem da fé não é uma perspectiva mais ou menos ingénua ou alienada da realidade, e não significa que a vida se tornará mais fácil para algum de nós, ou que no panorama mundial a paz se imporá de algum modo. Significa, antes, que, no meio da noite escura, a luz da madrugada põe a descoberto que não estivemos sozinhos, porque Deus esteve connosco. Deus, criador do mundo, que os céus não podem conter, fez-se um de nós, olhou-nos de frente e conheceu-nos, Ele mesmo abraçou as tribulações e as angústias e conheceu por dentro, na primeira pessoa, a provação deste e de tantos outros Outonos.

Deus está connosco, Deus é connosco, e oferece a sua presença a quem a quiser aceitar.

Esta é a grande esperança que o Advento promete e garante, e que pode ser nossa, à medida que esperarmos e nos prepararmos para celebrar o Natal.