1º Domingo do Advento
Precisamos de um Salvador!
Do Evangelho segundo São Marcos (Mc 13, 33-37)
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Acautelai-vos e vigiai, porque não sabeis quando chegará o momento. Será como um homem que partiu de viagem: ao deixar a sua casa, deu plenos poderes aos seus servos, atribuindo a cada um a sua tarefa, e mandou ao porteiro que vigiasse. Vigiai, portanto, visto que não sabeis quando virá o dono da casa: se à tarde, se à meia-noite, se ao cantar do galo, se de manhãzinha; não se dê o caso que, vindo inesperadamente, vos encontre a dormir. O que vos digo a vós, digo-o a todos: Vigiai!».
Na vida da Igreja, o primeiro Domingo do Advento é também o primeiro dia daquilo a que se chama Ano Litúrgico. Vivemos o Advento do ano passado, o Natal, o Tempo Comum, a Quaresma, a Páscoa e o Pentecostes, mais uma etapa do Tempo Comum, até que hoje, podemos dizer, começamos um novo ano. Por isso, este dia é também ocasião para fazer memória e balanço do ano que passou. Nos últimos 365 dias, o que mudou? Até que ponto é que a nossa vida se transformou para melhor? Como foram os passos da nossa conversão e o crescimento da nossa vontade de sermos santos? Como está a nossa liberdade para saber o que Deus quer de nós?
Com estas perguntas em mente, olhamos para o Evangelho. Jesus insiste várias vezes na mesma idiea: vigiai! Vigiar é, assim Jesus o explica em muitos passos do Evangelho, estar desperto, atento, disponível e pronto. Com efeito, o Advento é o tempo em que somos chamados a despertar do sono em que a preguiça nos retém, a estar atentos às necessidades e aos sofrimentos daqueles cujas vidas se cruzam com a nossa, disponíveis para servir onde formos necessários, prontos para sair da vida que já levamos e aceitar a vida que Deus nos quer dar.
No entanto, se há alguma coisa que nos vamos dando conta ao longo da nossa vida espiritual, é que, a longo prazo, não somos capazes de vigiar só por nós mesmos. Como os discípulos no jardim das oliveiras, fecham-se-nos os olhos, faltam-nos as forças, estamos cansados. Não fazemos o bem que queremos, e é o mal que não queremos que acabamos por fazer (cf. Rom 7, 15). A conclusão é mais ou menos óbvia: precisamos de um salvador!
A esperança grande do Advento surge precisamente como resposta a esta conclusão: o Salvador, esse de que precisamos com urgência, vem. Esta certeza que a fé nos dá não é uma perspectiva mais ou menos ingénua ou alienada da realidade, e não significa que a vida se tornará mais fácil para algum de nós, como que por magia. Significa, antes, que, no meio das nossas tribulações podemos perceber que não estivemos sozinhos, porque Deus está connosco, e oferece a sua presença a quem a quiser aceitar!