Desde as Jornadas que os Equipistas sonhavam num encontro onde pudessem levantar-se e partir apressadamente. Foi o que se deu nos dias 4,5,6,7 e 8 na tão esperada peregrinação de outubro das Equipas de Jovens de Nossa Senhora. Partimos rumo a Fátima para o encontro com a nossa querida Mãe. Para se juntar aos quilómetros, veio uma onda de calor que não parou estes peregrinos de chegar ao Santuário cheios de pujança.

Caminho para Fátima seguindo a Cruz
A caminhada começou tal como a de Pedro, Tiago e João para o monte de Tabor como é relatado no Evangelho da Transfiguração. Acompanhados por Jesus, conseguimos abstrairmo-nos da agitação do dia a dia para irmos ao Seu encontro, rezando as palavras de Pedro “Senhor, é bom estarmos aqui!”. De facto, que bom é termos esta oportunidade, de pudermos contemplar em todo o seu esplendor o que Nosso Senhor tem preparados para nós, de saber que Ele está presente e mostra o caminho da Verdade, sabendo que se O escutarmos no silêncio arranjamos as forças para agarrar nos nossos medos e partir.
Ao longo destes dias, fomos desconstruindo este Evangelho, para que chegássemos a Fátima e pudéssemos dizer com confiança: que bom é estarmos aqui! Apesar do suor a escorrer pela testa e bolhas nos pés, pusemo-nos a caminho, cheios de alegria, partilhando experiências entre jovens equipistas que sem conhecerem bem ninguém se uniram em devoção a Nossa Senhora.
O desafio não foi fácil, e para os corajosos, o primeiro dia de peregrinação foi de 40 Km. Não se deixem assustar por este número redondo. Nestes quilómetros todos estão também as partilhas que este ano, numa maneira mais pessoal, foram feitas em pequenos grupos, para que cada um de nós expressasse os seus pensamentos sem reservas e, para que as caras desconhecidas passassem a ser amizades feitas nesta base tão forte que é Cristo. Neste dia meditou-se a frase “Senhor, que bom é ver-Te”, a urgência de vermos Jesus no que nos rodeia, porque é Ele que nos indica o caminho. A necessidade de nos consciencializarmos que a escuridão existe, que no sofrimento do quotidiano ela está lá, mas que é Ele que a ilumina, e é essa a luz que temos de procurar, e é ao vê-Lo que conseguimos continuar a caminhar.
Enquanto as amizades se foram construindo ou edificando, a curiosidade também estava a espreitar, para ver quem seriam as novas caras que se iriam juntar nesta jornada, e apesar do cansaço, nada impediu que se recebesse o novo clã em Abraã. Na noite de sexta-feira, com o grupo todo reunido, tivemos a oportunidade de ouvir o testemunho do Zé Luís Nunes Martins, que nos chamou a olhar para o presente e aproveitá-lo, a entregarmo-nos às coisas a cem por cento.

Momentos de reflexão (e descanso) a meio do dia de caminho
No dia seguinte, antes de iniciarmos caminho, tivemos Missa com direito a uma explicação do terço, onde percebemos que, tal como na vida, no terço, Nossa Senhora leva-nos ao colo até ao encontro da cruz, do seu filho. No meio da muito cantoria e Baile de São Simão, soubemos também responder ao pedido de fazer silêncio e escutar Jesus. A parar de ser seletivos no que toca a ouvir o que Nosso Senhor tem para nos dizer, isto é, a disponibilizarmos o nosso coração.
Durante qualquer parte do caminho, a presença e companhia dos Pe. Miguel e Pe. Bernardo, fizeram-se sentir estando sempre disponíveis para uma conversa ou sessões de cantoria.
Este é também o dia de peregrinação que passamos o tempo todo a pensar: “a subida de Minde ainda é pior”. Este ano, a tão esperada subida de Minde foi tornado numa corrida histórica, onde o tempo foi cronometrado, ficando relembrado que o recorde a bater é de 12 minutos!

Preparação para a corrida da subida de Minde
Foi aqui, com esta terrinha que para nós já é casa, a nossos pés que nos juntamos todos, a cantar, a saltar e a contemplar todo o caminho feito e o que ainda está para vir. Rumando caminho chegamos a Minde, onde nos aventuramos na busca de almas caridosas que nos dessem casa para tomarmos banho. Foi espetacular ver como tantas pessoas abriram as portas a perfeitos desconhecidos. Com banho tomado e barriga cheia fomos para a noite de adoração, onde tivemos a oportunidade de ter um momento íntimo com Jesus. Nesta noite, fez-se ouvir o silêncio. Foi algo que me marcou, fez-me perceber que estávamos ali todos para o mesmo, para ouvir o que Ele nos tinha para dizer, dispostos a que isso nos trocasse os planos. A noite não ficou por aqui, e depois de um muito bom momento de partilha, ainda se arranjou a energia para entrar numa noite de cantorias que durou até já ninguém se aguentar de pé.
Já todos com o uniforme vestido partimos naquele que foi o dia mais caloroso. Nesta caminhada marcou-me a capacidade de entreajuda que todos tivemos, quer fosse a puxar por alguém que estava a ficar para trás ou a tapar buracos. À medida que os quilómetros avistados nas placas diminuíam, o coração crescia, com o desejo de chegar a Fátima, por isso partimos sem medo! Este foi o tema rezado durante o dia. A indispensabilidade de normalizamos o medo e abraçá-lo, reduzirmo-nos a nossa insignificância e apercebermo-nos da nossa dependência de Deus. É só com Ele que conseguimos enfrentar o que nos inquieta.

Equipistas todos juntos no final da subida de Minde para a famosa fotografia
Foi com o coração cheio de alegria que chegamos ao Santuário, que nos podemos ajoelhar perante a nossa querida Mãe e refletir tudo o que ouvimos nestes dias. Unidos pela mesma fé, fortalecidos pela graça do Espírito Santo voltámos para casa, com o desejo de conseguirmos parar no meio da confusão do dia-a-dia e afirmar, sempre, “Senhor, é bom estarmos aqui”!