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Matilde Ferreira do Amaral Cansado Carvalho

A Matilde é equipista desde 2014 (há 10 anos!), é licenciada em Marketing e Publicidade e tirou mestrado em Gestão. Atualmente, está a trabalhar num banco e, ainda que a sua equipa já não seja muita ativa, participou em todo o tipo de atividades e aventuras nas EJNS e sabe que viveu este movimento muito a sério!

Discernimento não é só para Padres e Freiras

Queridos equipistas,

Fui desafiada a escrever-vos sobre a importância do discernimento. Não sei bem se serei a melhor ou a pior pessoa para falar sobre isto, mas é realmente um tema que me inquieta, e por isso vou arriscar deixar-me levar pelo Espírito Santo, ressalvando-me com a nota de que (infelizmente) não sou mestre em Teologia.

Comecei por consultar o nosso (velho) amigo google que diz que discernir vem do latim discerno – separar, distinguir, reconhecer, decidir. Nós, cristãos, usamos o discernimento para nos ajudar a tomar decisões de acordo com a vontade de Deus, porque acreditamos que, se fomos criados por Ele, Ele sabe melhor do que nós o caminho da nossa felicidade, que penso que seja o que todos desejamos (atenção: não confundir esta felicidade com uma vidinha boa, fácil, com muita saúde e poucos sofrimentos e chatices).

Ora, o “problema” é que, como Deus nos ama tanto ao ponto de nos ter feito livres, permite-nos não seguir o(s) caminho(s) que sonhou para nós (por isso não acreditamos na predestinação), e deixa-nos seguir outros “deuses” ou outras “felicidades”, se assim o entendermos. Isto significa que, se queremos livremente aderir ao plano que Deus tem para nós, é fundamental investir no discernimento, porque Deus não nos força nem obriga a nada.

Como podemos, então, discernir a vontade de Deus se não O vemos, nem O ouvimos? Realmente não é fácil, mas quando investimos na relação com Deus vamos percebendo que Ele se manifesta na nossa vida e aprendemos a “ouvir” a Sua Voz! A esta Voz, com a qual nos vamos confrontando ao longo da vida, costumamos chamar vocação, que vem da palavra latina vocare (chamar). E Deus está sempre a chamar-nos, é importante entrar nesta relação de Amor, escutando e respondendo aos Seus chamamentos diariamente.

Pego agora numa música do filme Frozen 2 que pode ajudar a perceber como funciona isto de ser “chamado”. Na verdade, não achei o filme nada de especial da primeira vez que o vi, mas um dia uma amiga chamou-me a atenção sobre esta dimensão vocacional muito presente e, ao revê-lo, fez-me todo o sentido.

Na música “Into the unknown”, a Elsa luta contra uma voz que a chama incessantemente, que a quer levar a sair do seu conforto para o desconhecido, com todos os medos e riscos que isso implica. Vive, então, este conflito entre ignorar essa voz ou deixar-se levar por ela (vale a pena ouvir com atenção). Também muitas vezes acontece isto na nossa relação com Deus, porque Ele desinstala-nos, leva-nos para fora de pé e a nossa natureza carnal tende a resistir a este desconhecido, porque temos dúvidas, medos, inseguranças, etc…

Seguir Jesus é um risco, implica um ato de fé, porque Ele nos quer inteiramente livres no Seu seguimento e, por isso, vai-nos falando aos poucos, à medida que vamos avançando na relação e vamos tendo capacidade de O compreender. Para que não fiquemos sozinhos nesses momentos de decisão, Ele envia-nos o Espírito Santo, Voz interior que nos fala no mais íntimo de nós mesmos e nos confirma se estamos no caminho certo ou não. Para isto, mais uma vez, o discernimento é tão importante!

Torna-se também relevante aprender a distinguir a Voz de Deus de outras “vozes”, que às vezes fazem mais barulho e perturbam o nosso discernimento. Dou o exemplo das redes sociais: é muito “giro” fazer scroll da vida dos outros, mas até que ponto é que não deixamos que isso nos faça viver mais a desejar outras vidas para nós (que por si só já têm pouco de realidade) em vez de aceitarmos o que nos é dado a viver?

Damos por nós, muitas vezes inconscientemente, a invejar o que vemos em stories em vez de nos alegrarmos com o dom da nossa vida, com todas as alegrias, tristezas, sofrimentos, conquistas, cruzes, … que carregamos. Deus quer fazer coisas grandes com cada um de nós, deixemo-Lo trabalhar com o que temos para Lhe oferecer (que à partida vai ser sempre poucochinho)! 

Há também a tentação de acharmos que isto do discernimento é só para “padres e freiras”, quando TODOS, na nossa condição de batizados, somos chamados a procurar esta Voz de Deus nas nossas vidas. Discernir a vocação é muito mais do que andar a especular “em que caixinha é que eu me vou meter” ou, se não encontro nenhuma que me sirva, concluir que “isto da vocação não é para mim”. Se queremos realmente aderir à radicalidade de uma vida com Jesus é relevante incluí-Lo nas nossas pequenas decisões, no nosso dia-a-dia.

Na certeza de que Ele caminha connosco, somos chamados a fazer-Lhe constantemente a pergunta: “o que queres de mim?” em cada etapa. Viver um namoro cristão, ser responsável com os estudos, ser bom amigo, ajudar em casa… Exige muitas vezes morrermos para nós, pormos Jesus “ao barulho”, perguntar-Lhe “o que queres de mim?”, “onde me chamas a estar?”, “o que me chamas a fazer?”. Aqui pode ser útil ter um diretor espiritual, alguém com quem possamos falar com regularidade e que nos ajude a perceber o que nos vai pedindo Jesus.

A oração também é fundamental para o discernimento, não vale a pena tentar perceber a vontade de Deus sem O procurarmos. E para isso é preciso investir na oração, para aprendermos a perceber o que é a Voz de Deus, como é que Ele nos fala, como é que O podemos ouvir… O silêncio ajuda, a Palavra de Deus ajuda, escrever, ouvir alguma “música beata”, contemplar a criação… Há muitas formas de chegarmos até Ele, e à medida que vamos crescendo nesta relação vamos aprendendo a reconhecer, cada vez mais, a Sua Voz. 

Como último desafio, gostava de convidar a que, nos próximos tempos, (até pode ser um ponto de esforço), procurassem aproximar-se de padres, freiras, casais, seminaristas, missionários, leigos empenhados na Igreja, … e que lhes perguntassem como foram discernindo os seus caminhos, em que situações ouviram a Voz de Deus, mas também onde tiveram mais dificuldades ou dúvidas. Estando cientes de que o caminho de cada um é único, por vezes ajuda aprender com as histórias dos outros. 

Isto do discernimento e da vocação não deixa de ser um grande mistério que vai muito para além da nossa inteligência. Por isso vai haver sempre coisas difíceis de perceber, viver e explicar, mas caminhar com Jesus vale sempre a pena porque é Ele que dá sentido à nossa vida. Só posso prometer que rezo por vocês e peço que rezem também por mim! 

Caminhamos juntos p’ró Alto, Equipas!

Matilde

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