O presépio como nunca tinhas visto foi o tema escolhido para a conferência de dia 15 de dezembro, com o Professor João César das Neves, no auditório de Santa Joana Princesa. Certamente um tema ambicioso para uma conferência, mas o Professor César das Neves conseguiu abrir os nossos olhos a toda a verdade e a toda a beleza do Natal.
Mas afinal o que é o Natal? Em primeiro lugar, o professor falou-nos daquilo que não é o Natal… uma vez que ao contrário do que o povo português pensa, o Natal NÃO é quando o Homem quiser. Ainda que esta frase seja dita com boa vontade, trata-se de uma grande mentira, pois o Natal é exclusivamente quando Deus quer. Sendo assim, o que é o Natal? O Natal é o nascimento de Deus no meio de nós. Deus vem ao encontro dos homens, como nos relembra o prólogo do Evangelho segundo S. João: “O Verbo fez-Se carne, e habitou entre nós.” Ora, sendo isto impossível, só pode acontecer quando Deus quer, e não quando o Homem quiser. É algo que não depende de nós, e é também a melhor altura para acolher nos nossos corações o que Deus quer. Muitas vezes é esta transcendência que deixamos passar ao lado, perdemos o espanto do Natal, tornando-o algo banal.
A primeira pessoa que soube que o Natal ia acontecer, a primeira reação, é uma reação de espanto. Como é que é possível? Não é possível, só é possível a Deus porque nada é impossível para Ele. Que este ano, voltemos à reação de espanto de Nossa Senhora, deixemo-nos admirar e fascinar pelo mistério da encarnação.
Agora que sabemos o que é o Natal, podemos voltar ao presépio como nunca antes visto.
E afinal o que é o presépio? Como o professor César das Neves refere no seu livro “Figuras do Presépio:
“Presépios é algo que nos habituámos a ver em nossas casas e um pouco por toda a parte na época do Natal. Mas esta nossa familiaridade com eles não consegue ocultar o portentoso mistério que sempre trazem consigo. Como quase tudo o que é verdadeiramente importante, a sublimidade está escondida por baixo de uma aparência vulgar.”
João César das Neves, in Figuras do Presépio
Um facto curioso é que o presépio nasceu na Noite de Natal de 1223, quando São Francisco de Assis, com diversos atores e adereços, fez a representação da primeira cena de Belém. Para além de inúmeros detalhes, existia um que era exato, na manjedoura, em vez da figura do menino Jesus à qual estamos acostumados, estava uma hóstia consagrada, após celebrada a missa. Isto é, tudo o resto eram figurações, mas aquilo, a hóstia consagrada na manjedoura, era (e é) a verdade.
O Professor César das Neves levou-nos a refletir sobre algumas figuras do presépio, como escreveu no seu livro “Figuras do presépio”. Pensemos no hospedeiro que estava tão contente por ter a hospedaria completamente cheia e tinha à porta o Deus do Universo e recusou-O. Passou-lhe completamente ao lado… Quantos de nós somos como o dono da hospedaria? Quantas vezes recusamos e dizemos a Jesus que não temos espaço/tempo para ele porque estamos cheios?
Não havia lugar para Ele…, mas o mais extraordinário é que Ele nasce na mesma. Jesus não desiste e nasceu.
Para finalizar, deixo-vos a mensagem mais importante desta conferência. Se nos sentimos confortáveis com o presépio, então não o percebemos bem. Não podemos perder o escândalo de Nossa Senhora. Não podemos deixar-nos dominar pela imagem, temos de voltar a São Francisco de Assis. Mais uma vez, o grande perigo que enfrentamos é deixarmo-nos dominar só pelas coisas boas e banais e esquecermo-nos das coisas transcendentes e maravilhosas.
Santo Natal a todos,
Maria Ana