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Simão Cruz Ferreira

O Simão é equipista da Cascais 70 há sete anos. É seminarista e a sua equipa vai ter a última reunião no próximo mês. Foi membro do secretariado de Cascais, tem vergonha de nunca ter ido a um encontro nacional.

«Ide e fazei discípulos entre todas as nações!» Mt 28,19

Quis a providência que o nosso tema de Abril se centrasse no envio dos discípulos narrado no I Evangelho e que, neste mesmo mês, celebrássemos a Páscoa e o início do tempo pascal, sendo-nos ainda oferecido pela liturgia rezar os textos segundo São Mateus (Ano A). Quis também a providência que fosse eu a escrever este texto, certamente também para me relembrar da importância que este envio tem no caminho de qualquer cristão e, por isso mesmo, também na minha vida.

Muito se costuma dizer sobre a missão e o testemunho cristão. E normalmente são coisas muito boas, muito verdadeiras e que ajudam muito. Se isto fosse um bom texto, escrever-vos-ia sobre como todo o cristão é missionário e que quem não vive para servir não serve para viver; como a nossa missão está enraizada na oração (não basta falar de Deus aos outros mas é necessário falar dos outros a Deus) e na generosidade e disponibilidade de entrega; como o testemunho de vida é mais poderoso do que andar por aí só a gritar que um Homem que nasceu há dois mil anos está vivo (já agora, partilho convosco que gosto muito da frase, mais ou menos assim: sê o único Evangelho que eles vão ler); como a marca do cristão é a alegria ou como foi exatamente o querer anunciar aos outros a experiência libertadora da ressurreição que me fez entrar no seminário.

Mas não é. Opto por vos escrever sobre um pormenor que me despertou a oração diante deste texto.

Ide e fazei discípulos entre todas as nações. Certo. Mas discípulos de quem? Sabemos que todo o discípulo tem um mestre… mas o Mestre, que está ali vivo e ressuscitado diante deles, em breve subirá aos céus.

Então quem é o mestre destes discípulos? Como podem fazer discípulos entre todas as nações se não o sabem? Será que nos foi deixado um novo Mestre, uma versão de Jesus 2.0? Bem, parece-me que sim e que não.

Não, porque Ele próprio nos deixou bem claro antes da sua partida: «Quanto a vós, não vos deixeis tratar por ‘mestres’, pois um só é o vosso Mestre, e vós sois todos irmãos.» (Mt 23, 8). Só Ele é O Mestre e continuará sempre a ser. É fascinante como a última frase deste primeiro Evangelho é «sabei que Eu estarei sempre convosco até ao fim dos tempos» (Mt 28, 20). Jesus é o Mestre que estará connosco até ao fim dos tempos. Contudo, não estará como esteve já que estará nos céus. Então como será isso? Bem, acho que já estão a adivinhar (e não, não é, pelo menos, diretamente, o Papa). Sim, deixar-nos-á um novo Mestre, também este com letra maiúscula.

O Evangelho de São João guarda uma coletânea de textos sobre o envio de um outro defensor e mestre, Alguém que nos ensinará tudo, que nos conduzirá à verdade, que nos há de recordar e ajudar a interpretar tudo o que Jesus disse e ensinou. Aliás, diz-nos na noite da Sua partida: «é melhor para vós que Eu vá, pois, se Eu não for, o Paráclito não virá a vós; mas, se Eu for, Eu vo-lo enviarei» (Jo 16, 7).

Tentemos imaginar os apóstolos a ouvir isto na altura. Já fazia três anos que foram chamados por Jesus, que privavam diariamente com Ele, que mudaram a sua própria forma de ser e de estar. Por Ele largaram tudo o que tinham. Por Ele, aprenderam a viver uns com os outros: naquele grupo heterogéneo, Jesus era o garante da unidade. Em muitas terras já se falava de Jesus e dos Seus milagres e aquela receção em Jerusalém deve tê-los posto a sonhar bem alto. “É melhor que eu vá? Ó Jesus… agora que isto estava a correr tão bem.”

Devem-se ter lembrado destas palavras do Mestre quando, ao subir aos céus, ao deixar de estar presente entre eles, ao deixá-los em Igreja, não (n)os deixou sós. Deixou-nos o Espírito, que recebemos no nosso batismo, e que faz de nós filhos adotivos. É Ele que reza em nós, é Ele que nos conduz. Ele é o nosso guia. Vamos ser sérios… sem Ele, como poderiam 11 homens com pouca instrução e do Médio-Oriente começar a pregar uma coisa sem qualquer lógica – a loucura da cruz –, e estarmos nós aqui, 2000 anos depois a falar disso. Sem Ele, nada.

Gostamos muito de ter Jesus, de estarmos no quentinho, provavelmente até já pensámos como deve ter sido bom para os Apóstolos privarem com Ele e como até gostávamos de O ver (não vou desenvolver, mas MISSA). Porém, se acredito em Jesus e no que nos disse, então é melhor para nós, para mim e para ti, que Ele tenha ido e nos tenha deixado o Seu Espírito; é melhor que já não o vejamos como outrora os discípulos O viram e que ainda não O vejamos como um dia veremos; é melhor que a Sua presença não nos seja tão intuitiva mas exija uma resposta de fé, em liberdade: não te esqueças, «felizes os que crêem sem terem visto» (Jo 20, 29)!

É Ele, o Espírito Santo, o motor da evangelização. Foi Ele que foi conduzindo a Igreja até aos nossos dias, através de homens e mulheres, com melhor ou pior vontade, com mais ou menos caridade, para fazerem discípulos entre todas as nações! É só pelo Espírito Santo que o Papa e os Bispos são vigários de Cristo! Só pela força do Espírito Santo se pode concretizar o que o próprio Jesus nos deixou: «quem crê em mim também fará as obras que Eu realizo; e fará obras maiores do que estas» (Jo 14, 12).

Só mais dois pontos, muito curtos, prometo.

Vale a pena notar o conteúdo do anúncio dos primeiros discípulos! É sempre centrado em Jesus ressuscitado. Esse é o centro da nossa fé. Foi a partir daí que depois tudo se leu, releu, desenvolveu (e outros verbos terminados em eu). «O Senhor ressuscitou e apareceu a Simão» (Lc 24, 34). O livro dos Atos dos Apóstolos está cheio deste primeiro anúncio da comunidade crente, do kerygma (já agora, fica o desafio de leres, se ainda não o fizeste, este livro extraordinário que nos acompanha agora no tempo pascal). O Paráclito não guiou os apóstolos a falarem de si mesmos. Pergunta-te: quando anúncio, do que costumo falar? Do tronco e das folhas, ou da raiz da nossa fé? De mim ou Dele?

Por fim, mais uma Páscoa, mais um tempo pascal. Este mandato de fazer discípulos só faz sentido porque acreditamos que vamos, de Páscoa em Páscoa, até à Páscoa eterna. O ano litúrgico oferece-nos muito tempo, graças a Deus, para meditarmos na Páscoa e na maravilha da ressurreição (além dos cinquenta dias, cada domingo é uma grande oportunidade para o fazer). Mas não fiques apenas a pensar na ressurreição de Cristo. Vive a apontar para o céu, a desejar a tua própria ressurreição. Se vamos de Páscoa em Páscoa até à passagem para o Pai, antecipa já hoje, mesmo na finitude da nossa realidade terrena, a vida divina, o céu na terra.

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