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Sara Rodrigues

Sara é uma equipista do setor do Porto desde 2017, pertencendo à Porto 101. Formou-se em Engenharia do Ambiente e atualmente trabalha como Gestora de Programas na Confederação Portuguesa do Voluntariado. É escuteira, o que a faz interessar-se e trabalhar muito esta temática. Necessita constantemente de repor energia, pelo que não vale a pena falar com ela depois das 22h pois provavelmente já está a dormir.

Guia para um Cristão Sustentável

Quando o Manuel me convidou para escrever este artigo confesso que fiquei um pouco reticente. Também não era para menos… O tema “O cristão e o ambiente” é demasiado complexo e delicado para ser explorado em apenas um artigo. Aliás, se formos fazer uma pesquisa bibliográfica, rapidamente nos apercebemos da quantidade de livros dedicados ao estudo do Ecossistema, das questões de Ética, Bioética…  Desta forma, urge a necessidade de rezarmos e assumirmos uma posição e percebermos qual é a resposta do cristianismo e catolicismo face à urgência de responder à seguinte questão: Como podemos viver em harmonia com tudo o que Deus criou? 

Comecei por ir ao Antigo Testamento, recorrendo ao Livro do Génesis (nesta altura devem achar que sou uma espécie de pregadora… nada disso) e retirei a seguinte passagem: 

«Disse Deus: “Façamos o homem à nossa imagem e semelhança. Domine sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu, sobre os animais domésticos, sobre os animais selvagens e sobre todos os répteis que rastejam pela terra”. Deus criou o homem à sua imagem, criou-o à imagem de Deus.» 

Ufff temos tantos desafios pela frente! Remontando ao nosso quotidiano, ao estilo de vida que a maior parte de nós vive, em que procuramos possuir bem mais do que o necessitamos para viver de forma confortável, é urgente parar e rezar sobre o nosso comportamento.

«Deus criou o homem à sua imagem» e confiou-nos a missão de amarmos o próximo e o domínio a que somos chamados é o de responsabilidade, de gerir os recursos disponíveis de forma consciente, garantindo que temos equidade de deveres e direitos entre todos os povos e que as gerações futuras possam ter uma qualidade de vida igual ou superior àquela que nós temos. E este é o grande desafio a que todos somos chamados! Viver de forma sustentável é, nesta altura, uma das maiores provas do amor de Deus que podemos dar ao próximo. Enquanto cristãos, pelos valores em que vivemos e por aqueles em que acreditamos, urge o nosso exemplo.

– «Sim, Sara, isso é tudo muito bonito… Mas como o fazemos na prática?»

Todas estas questões foram levantadas no ano de 2000, quando foram criados os Objetivos do Milénio, que prevaleceram até 2015 e nos quais houve grandes avanços à escala mundial. No entanto, ainda havia muito caminho a percorrer e, em 2015, surgiu uma nova agenda chamada Agenda2030 na qual constam os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Esta Agenda aborda as três vertentes da sustentabilidade – sociedade (pessoas), economia (prosperidade), o ambiente (planeta) e, ainda, a importância das Parcerias para a Implementação dos Objetivos, da Paz, Justiça e Instituições eficazes.

Ao contrário do que tinha sido definido para os Objetivos do Milénio, os ODS visam envolver todos os órgãos da sociedade, desde os cidadãos, às entidades governamentais, passando pelas entidades empregadoras, organizações da sociedade civil, etc. e são para ser cumpridos por todos os 193 países que aprovaram a Agenda. Assim, cada um tem um papel fulcral no seu alcance e podes começar por ir explorar as metas definidas, vendo o que podes fazer em tua casa, na tua comunidade restrita ou alargada, aqui.

Paralelamente, após ter sido publicada a encíclica do Papa Francisco, foram lançados os Objetivos Laudato’Si uma proposta que ajuda a descentrarmo-nos de nós próprios e a colocarmos Deus no centro e a compreender como o podemos servir através de pequenas ações diárias

Para cada um dos Objetivos deixo-te algumas perguntas que podem ajudar ao discernimento e a conseguires alterar, de forma suave, alguns hábitos diários que fazem toda a diferença:

  1. Resposta ao Clamor da Terra

Este objetivo prende-se essencialmente com a transição para a neutralidade carbónica. Procura no teu dia a dia promover a utilização de transportes públicos, bicicleta, andar a pé e, apenas em último recurso, utilizar o transporte individual. Em casa, está atento para não deixares nada em standby (como a televisão, computador), nem luzes acesas que não estão a ser utilizadas. Utiliza a água disponível de forma racional, reduzindo o tempo de duche, procurando reaproveitar a água usada para outras utilizações, economizando e otimizando a utilização de todos os eletrodomésticos. Aconselha e informa também a tua família sobre estas questões.

  1. Resposta ao Clamor dos Pobres

Além das preocupações relacionadas com a inclusão das minorias – povos indígenas, emigrantes, crianças em situação de risco, multiculturalidade e globalidade – este ponto aborda a Dignidade da Vida Humana, defendendo que toda a vida tem dignidade e que, desde a conceção até ao final, se deve garantir sempre os direitos humanos. Enquanto Cristãos é nosso o papel de acolher todos aqueles que procuram a Igreja. Deus pede-nos e o Papa desafia-nos a não baixarmos os braços e sabermos sempre receber. Tanto na comunidade, como no lar de cada um, podemos agir desde a oração até à intervenção direta, que pode ser feita junto de associações, nas paróquias ou centros comunitários.

  1. Economia Ecológica

Repensar os hábitos de consumo, atender às condições de trabalho, repensar o investimento em soluções mais permanentes e sustentáveis. São estes os pilares deste objetivo. É pedido que aprendamos a viver com aquilo que necessitamos, sem grandes extravagâncias ou exageros. Para começares a adotar uma economia ecológica o primeiro passo pode passar por, em casa, veres tudo o que tens e não comprares nada que já tenhas e esteja em bom estado. Se necessitares de comprar analisa a marca, o material que compõe, as políticas da empresa e investiga os indicadores de sustentabilidade do mesmo produto ou serviço.

Outra mudança que podes fazer em casa centra-se na alimentação, procurando respeitar a roda dos alimentos e comprando produtos locais e da época para cozinhar, atender às quantidades para reduzir a produção de resíduos e guardar as sobras. Ainda em casa, tenta aplicar a política dos 5 R’s: Recusar, Repensar, Reduzir, Reutilizar e Reciclar. Na tua comunidade, começando pelo centro paroquial, podes sugerir ou organizar um banco de bens, gerando um sistema de economia circular, onde deixas o que já não precisas e recolhes aquilo que necessitas.

  1. Adoção de Estilos de Vida Simples

Rever as rotinas do dia a dia e, para cada atividade, compreender de que forma se pode reduzir o impacto no ambiente.

  1. Educação Ecológica

Promover, em particular na disciplina de Educação para a Cidadania, junto das crianças e jovens nas ações de Educação não Formal, nos campos de férias e também procurar no dia-a-dia informação de fonte fidedigna, estando constantemente a par da atual situação da casa comum e sensibilizar e consciencializar a população para o dever de cuidarmos do planeta e viver de forma consciente. Podes começar por levar um mini ecoponto para as atividades do teu setor, ajudando a reciclar. 

  1. Espiritualidade Ecológica

Na organização de formações, retiros, atividades e mesmo na preparação da catequese procura desenvolver dinâmicas que valorizem, admirem e contemplem as mais belas criações de Deus.

  1. Enfase no envolvimento da comunidade e na ação participativa.

Sem dúvida que o Cristão tem um papel crucial no plano de Deus… As nossas ações podem parecer insignificantes ao nosso olhar, mas o Pai, que nos conhece, confia-nos a missão de cuidarmos da sua criação. Aceitemos este desafio! 

«Há esperança. Todos podemos colaborar, cada um com a própria cultura e experiência, cada um com as próprias iniciativas e capacidades, para que a nossa mãe Terra retorne à sua beleza original e a criação volte a brilhar novamente segundo o plano de Deus.»

Papa Francisco

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