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Matilde Horta e Costa Raposo

A Matilde é a nossa Responsável Nacional. Faz parte da L301 desde 2016. Enfermeira e aventureira, tem sempre mil histórias para contar, pergunta-lhe nas atividades!

Carta a Nossa Senhora: “Cristo não é silencioso, nós é que o silenciamos”

Querida Mãe,

Que saudades tão grandes que eu tinha! Cheguei pelas 5h40 à porta da casa das irmãs, que a abriram com um sorriso. Descalcei os sapatos e as meias e, ignorando a minha constipação, pisei o chão frio das escadas que me levariam até à capela onde seria celebrada missa (despertador natural e poderoso para um dia em Calcutá). 

Contudo, ia eu a caminho quando reparei numa porta aberta com um vulto branco pousado em cima de mármore. Entrei devagar, dei a volta para procurar perceber o cenário, olhei de frente para a imagem e o meu coração emocionou-se. Por cima do túmulo de Santa Teresa lá estava a tua clássica representação na aparição de Fátima que, durante uns minutos me transportou, num abraço apertado, até casa. 

Chorei tanto… meu Deus! Parecia uma criança ao encontrar os pais depois de um desafiante primeiro dia de escola. Pois bem, talvez a comparação até nem seja estranha. Tinha estado durante a última semana a viajar sozinha pela Índia e, depois da quantidade de sentidos provocados, senti-me finalmente segura – em paz; em casa.

Trânsito na Índia | Fotografia de Matilde Raposo

De pulmões cheios de orgulho, juntei-me a várias irmãs, indianos e voluntários que, vindos de todos os cantos do mundo, procuravam servir a Cristo nos mais “pobres de entre os pobres”, enfrentando a sua própria pobreza. Acho que senti um bocadinho de Céu nesse encontro com pessoas desconhecidas com quem o meu coração logo se identificou. 

Recordei a quantidade de milhares de rostos que vi adorar outros deuses; na quantidade absurda de rituais e sacrifícios que fazem em busca de recompensa; nos templos cheios sem presença; nas testas pintadas que escondem almas cansadas; na cultura de diversidade que tudo sabe acolher, mas não tem um propósito comum para viver… Ao princípio foi engraçado conhecer, mas às tantas só só me queria esquecer das tantas histórias de encarnações e caras de animais sem qualquer emoção.

Pensei na dor de Deus. Deve sofrer tanto com essas almas perdidas! Ou talvez ainda mais com aquelas privilegiadas que o conhecem, mas nada Lhe oferecem… “Perdoa-lhes porque não sabem o que fazem”. Perdoa-nos…

Porta da casa das Missionárias da Caridade | Fotografia de Matilde Raposo

Santa Teresa bem falava da sede de Deus. Chegou até a senti-la por 40 anos, numa desolação provocada pelo imenso amor que Lhe tinha. Ela sentiu, na pele humana, a angustiante necessidade que Deus tem de amar e ser amado; beber e ser saciado. No meu primeiro dia de serviço na casa dos moribundos de Calcutá registei no meu caderninho uma pequena oração:

“Bebe de mim. Toma tudo o que quiseres.

Bebe de mim. Não sou muito limpa, mas posso servir.

Bebe de mim. Partilha-me. Esgota-me!

Bebe de mim. Com paciência, de cada gota, de qualquer forma.

Bebe de mim. A minha fonte não se esgota.

Quero só para Ti ser. Tu que me pedes: “Dá-me de beber”.

Todos os dias éramos convidados a fazer uma hora de Adoração, mas não como aquelas a que eu estava habituada. Com orações incompreensíveis, um chão desconfortável, olhos tentados a fechar pelo cansaço e um barulho astronómico: “Como é suposto eu conseguir rezar?”– perguntei a uma das irmãs Missionárias da Caridade. “Rezando”– foi a resposta. «Uau que ajuda…» pensei com arrogância. Mas, passado um  bocado «Uau… que grande ajuda!»  De facto, rezar é uma ação humana. Não exige condições perfeitas, mas o escutar de uma voz que fala através do som do mundo, pois é a voz do mundo! Cristo não é silencioso, nós é que o silenciamos. Ele fala em qualquer canto a qualquer coração que o procure escutar. 

Devo confessar, minha Mãe, que nunca antes tinha dado valor à agitação da humanidade, mas a vida em abundância é a orquestra que fala em Seu nome. Ele está sempre presente- essa é uma certeza absoluta! Fala-nos através de TUDO o que acontece e dirige TODOS para compor obras fenomenais. O nosso Maestro Divino! E nós, Seus pequenos amados instrumentos…

As ruas e mulheres indianas | Fotografia de Matilde Raposo

Nem sabemos como, mas tocamos partes fundamentais. Umas mais silenciosas do que outras, mais rápidas ou mais seguras… Somos instrumentos cheios de potencial a quem Mestre presta toda a atenção. Quer-nos exatamente como nos escolheu, quer agir connosco, viver ao nosso lado, aproveitar-nos ao máximo!  Não vale a pena afastar-nos porque Ele não nos esquece nem substitui. E também não vale a pena querer apressar o Mestre a mostrar obras que talvez precisem de mais treino… O desafio é, de facto, viver serenamente e confiar fielmente no Seu tempo:

“Apascenta-me a toda a hora.

Procura-me, se me atrasar.

Acompanha-me, sem pressa.

Renova-me, a cada segundo.

Ama-me, intemporalmente.

Serei Tua, eternamente.”

A minha aventura estende-se agora para as ruas de Lisboa, para os corredores do Hospital e os quartos de casa onde tento pôr em prática tudo aquilo que aprendi. Vou também rezando por todos os nossos equipistas. Ajuda-os, Mãe, a serem bons instrumentos. Todos somos tão amados… deixem-se ser tocados!

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