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Quinta-feira depois das Cinzas

23 de Fevereiro

A esmola

Como sabes, começámos ontem a Quaresma. Até ao próximo Domingo, estamos numa espécie de semana zero, que serve para enraizarmos no coração os fundamentos do que queremos viver ao longo destes próximos quarenta dias. Ontem, no Evangelho da Missa de Quarta-feira de Cinzas, ouvíamos Jesus a dizer:

Quando deres esmola, não permitas que toquem trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas, nas sinagogas e nas ruas, a fim de serem louvados pelos homens. Em verdade vos digo: Já receberam a sua recompensa. Quando deres esmola, a tua mão esquerda não saiba o que faz a tua direita, a fim de que a tua esmola permaneça em segredo; e teu Pai, que vê o oculto, há-de premiar-te.

Mateus 6, 2-4

Os Padres da Igreja diziam que “o jejum do rico é o jantar do pobre”. A primeira esmola que nos é pedida na Quaresma é a esmola que vem do jejum porque, para ser verdadeiro jejum, a sede e a falta com que eu fico é bom que não sirvam para aumentar o meu património. A esmola, por isso, faz-nos perceber que o jejum não é uma dieta, o jejum não é poupar. Sobre o Jejum, voltaremos a falar amanhã. Mas aqui entra também uma ideia que a Madre Teresa de Calcutá nos lembra e onde nos queremos centrar hoje: dar até doer. Era o que ela dizia quando a queriam ajudar e lhe perguntavam de quanto precisava para a obra das Missionárias da Caridade: “dê até doer!”

Dar até doer, a forma sublime da esmola, é necessariamente um acto de amor. Por isso a esmola está ligada, como também é mais ou menos óbvio, à caridade. O amor que temos a Deus prova-se pelo amor aos outros – quem diz que ama a Deus e não ama o seu irmão é mentiroso, diz-nos São João na sua primeira carta (cf. 1 Jo 4, 20). O lugar onde amo a Deus é o meu irmão. E por isso a esmola pode ser dinheiro. Mas também pode ser tempo. E também pode ser uma qualquer forma de amor: o amor oblativo, de quem se entrega e se dá generosamente, ou o amor daquele que quer ter consigo a pessoa amada.

E esta lógica da caridade e da esmola, principalmente por causa deste último tópico, leva-nos consequentemente à castidade. Às vezes pensamos na castidade meramente a partir dos sentidos e das sensações. Mas a castidade pode definir-se, ultimamente, como amar bem. Amar com inteligência, amar com a sabedoria de Deus. A castidade está em todas as relações, e não apenas entre namorados ou entre casais. Ser casto é ser puro, mas é acima de tudo, amar com um amor puro, amar com puro amor, amar porque sim – como se diz na Carta aos Coríntios (cf. 1 Cor 13). Nesta Quaresma, vale a pena pedir a Deus para nos ensinar a amar bem, como Ele sempre fez e continua a fazer.

Para sermos concretos, queremos propor duas coisas:

1. Procura qual é o destino da Renúncia Quaresmal organizada pela tua diocese, e escolhe uma maneira de ires acumulando algum valor para entregares no fim da Quaresma.

2. Escolhe uma pessoa, que faça parte da tua vida, a quem queres dar, nesta Quaresma, mais tempo do que tens dado até aqui.